Jéssica Kuhn comenta “O clube”

Publicado dia 23 de abril de 2020
i-PSIne 🎬:
“O clube”
Nacionalidade: Chile
Ano: 2015
Direção: Pablo Larrain
Gênero: Drama
Duração: 1:37
Plataforma: Apple TV, Google Play, YouTube
 
 
 
Vencedor do Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri – no Festival de Berlim 2015, o filme traz temas pesados e relevantes discutidos de uma forma crua, dura e honesta. É justamente este recurso que vai permitir a exposição de toda a dimensão humana dos personagens, contornando a armadilha simplista de uma abordagem meramente condenatória e estigmatizante. A culpa, o arrependimento e a vergonha são trabalhados em profundidade, estão todas lá, poupando ao espectador o trabalho de repugnar-se com a monstruosidade e deixando-o livre para tentar entender a sua dinâmica, o modo como ela é criada e alimentada.
 
O filme se arrasta e se perde um pouco, é verdade, nas cenas de interrogatório, quando a escolha dos ângulos da câmera se mostra inadequada e a interpretação de alguns atores poderia ter dado melhor contribuição. No entanto, é um filme de grande sensibilidade e cenas marcantes, que consegue desde o início capturar e reter a atenção do espectador, envolvendo-o numa atmosfera de mistério e suspense até o explosivo desfecho e a sarcástica solução encontrada no final.
Vigiados por uma freira, quatro homens vivem isolados em um pequeno vilarejo na costa do Chile. Logo no inicio, uma cena impactante trata de apresentar cada um desses homens ao espectador, de forma a insinuar os segredos contidos no passado. Mas é a partir da chegada de um padre que se muda para lá que a tranquilidade dessa pequena comunidade é rompida de vez.