Jéssica Kuhn indica “Caffè sospeso”

Publicado dia 12 de agosto de 2021

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“Caffè sospeso”

Nacionalidade: Itália, Estados Unidos, Argentina
Ano: 2017
Direção: Fulvio Iannucci, Roly Santos
Gênero: Documentário
Duração: 1:09
Plataforma: Netflix

Documentário italiano dirigido com sensibilidade por Fulvio Iannucci e Roly Santos a partir do roteiro de Alessandro Di Nuzzo, “Caffè sospeso” consegue surpreender o espectador, que se vê, aos poucos, tomando um cafezinho com pessoas comuns e muito especiais, tudo isso em pouco mais de uma hora.

Três cidades são cenários das histórias: Buenos Aires, Nápoles e Nova York. Cada uma delas com diferentes personagens e contextos específicos, mostrando como o café faz parte da vida das pessoas.

O tal “caffè sospeso” (“café suspenso”, em bom português) é uma tradição que se originou no sul da Itália. Ao comprar o seu cafezinho, você deixa mais um já pago – para um próximo cliente que o receberá de forma anônima e gratuita. Podemos dizer que é mais um ato de gentileza do que de caridade, embora esse café “extra” em geral seja destinado às pessoas que não podem pagar.

O documentário usa o café como um ponto de partida para contar a história de cada um dos seus fascinantes protagonistas: incluindo uma pessoa trans, um homem que já foi preso e está em processo de reabilitação, um escritor profissional… Gente que está correndo atrás do seu sonho, ou apenas tentando chegar ao final de mais um dia.

Intercalando depoimentos com a rotina diária e uma certa atmosfera poética, “Caffè sospeso” mostra que, às vezes, independente de nossa vontade, as coisas ficam em suspenso, e isso faz parte do nosso crescimento e evolução em busca de nós mesmos e de novos caminhos. A vida nos surpreende e temos que lidar com isso.

O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, uma parte fundamental do nosso dia a dia. O convite para um “cafezinho” é um ritual onde o afeto atravessa a burocracia, parcerias se firmam e as relações se horizontalizam. O “cafezinho” tem o dom de fazer emergir o afeto nas relações, como um abraço.

Em analogia com a psicanálise, a hora do cafezinho é o momento de abrir “transferência” entre analista e analisando no consultório.

Se você aprecia um bom café e se interessa por conhecer hábitos de outras culturas, irá se deliciar com essa dica. E talvez tenhamos que admitir que temos mais em comum com italianos e argentinos do que imaginamos. Dispa-se de quaisquer preconceitos, faça um café e se acomode no sofá.

O café – figura central, mas discreta – vai te levar a uma reflexão muito interessante sobre a própria sociedade. De narrativa simples e final surpreendente: um tanto amargo, como um boa xícara de café preto, e forte.

 

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