Consultório de psicanálise

Publicado dia 8 de dezembro de 2020

Maria Zélia Brito de Souza

Saudade deste canto…… a pandemia mudou muita coisa e principalmente nosso jeito de trabalhar.
Essas poltronas descansam agora, são poucas pessoas que preferem o atendimento presencial, e na
maioria das vezes por questão de privacidade, por não encontrarem na comodidade do seu lar um
lugar especial e tranquilo, onde possam se colocar diante do espelho e abrir o coração e o verbo, dividindo com seu terapeuta coisas que nem sequer falou para o seu travesseiro.


Hoje este cenário mudou… às  vezes uma mesa de trabalho, um sofá confortável, um cantinho no seu quarto e também, lembrando o velho e bom divã freudiano, a cama. Por que não? Vale tudo.

Vale ficar à vontade e ser acolhido sem julgamento. Vale “dizer” hoje e “desdizer” amanhã. Vale assumir que tem raiva, que ama, e que tem raiva e ama. Vale não falar nada, e o falar nada fala muita coisa. Vale chorar até o nariz ficar vermelho, e isto já é esperado. Vale se contradizer, vale repetir várias vezes a mesma coisa, vale dizer “eu não me aguento mais”, vale dizer pro terapeuta “também não te aguento mais”. Vale contar seu sonho, o sonho da noite e o sonho do futuro.

Vale se comprometer que vai fazer algo, e no dia seguinte dizer que é melhor não fazer. Vale cada minuto, cada hora, cada dia pra tirar a máscara e tentar descobrir realmente quem você é. Vale ser gente, vale ser humano. E o humano é belíssimo com suas contradições, com seus medos, angústias, desejos, anseios, propósitos. O consultório, seja ele presencial ou virtual é lugar de gente despida, gente de verdade, gente linda e especial.