Desarmando a ansiedade

Horácio Prol Medeiros

Com a pandemia da Covid-19, tem aumentado, e muito, a incidência do Transtorno de Ansiedade. Muito, por ninguém saber quando a pandemia vai terminar, e o que vai acontecer quando ela terminar. E também, é claro, por causa da preocupação constante em não pegar a doença e não ter parentes e amigos próximos vitimados por essa praga do Século XXI.

Tenho sido procurado por muitos pacientes, e a maioria deles revela estar passando por esse transtorno, justamente devido a esta situação.

Depressão ou ansiedade?

Antes de mais nada, vamos colocar algumas diferenças: depressão é muito parecida com a tristeza. Normalmente, a pessoa fica apática e sem motivação para realizar as atividades que costumeiramente gostava de fazer.

Já a ansiedade trava a pessoa, pois esta começa a apresentar quadros sintomáticos muito semelhantes a outras patologias fisiológicas, tais como:  suor excessivo, principalmente nas extremidades, aumento de batimentos cardíacos e pressão arterial, além de uma inquietação motora (agitada), podendo também em alguns casos apresentar quadros de tontura.

A pessoa se vê acometida de uma avalanche de pensamentos, todos ao mesmo tempo, o que acaba ocasionando uma paralisia nas suas ações, além do medo de se colocar em situações que sempre lhe deram prazer, medo do que pode acontecer de errado se for a alguns lugares. A pessoa começa a duvidar da sua capacidade de executar as tarefas cotidianas.

Normalmente, a ansiedade antecede a depressão. A diferença, como já mencionada acima, é que a ansiedade pode trazer, em seu estado mais agudo, paralisia e sintomas similares aos fisiológicos, e a depressão se caracteriza por um estado de tristeza profunda, sem motivação para nada.

Características da ansiedade

Quando recebo os relatos dos pacientes com ansiedade, eu costumo dizer a eles que todo excesso não faz bem à pessoa. Por isso sempre menciono a tríade dos excessos:

Depressão: excesso de passado. A pessoa fica sofrendo com o que já aconteceu, não esquece e acaba ficando deprimida.

Stress: excesso de presente. A pessoa quer fazer tudo ao mesmo tempo e acaba se estressando com a mínima contrariedade, com algo que não dá certo.

Ansiedade: excesso de futuro. A pessoa fica pensando muito no futuro e acaba paralisada, não fazendo nada.

Ou seja, todo e qualquer excesso, seja em que situação for, vai trazer desconforto e desprazer, e vai fazer a pessoa sofrer.

Normalmente, o ansioso tem problemas no sono. Relata noites mal dormidas, sono agitado, acorda várias vezes durante a noite, fica pensando em vários assuntos ao mesmo tempo e o sono não vem, e normalmente acorda se sentindo cansado.

Outra característica do ansioso é a má alimentação, pois se enche de doces e carboidratos. Há relatos também de pessoas que não conseguem comer.

Como o tema desse texto é ajudar as pessoas a lidar com a ansiedade, vamos ver como é possível diminuir esse estado com atitudes simples e que podem ser feitas diariamente afim de melhorar (e muito) a qualidade de vida dessa pessoa.

Como diminuir o problema da ansiedade

Há muitas coisas que você pode fazer para enfrentar o problema de frente e ir desarmando a ansiedade:

• Comece pelo sono: analise seus hábitos, alimente-se com algo leve à noite, estabeleça um horário para se deitar e levantar-se, e respeite-o!
• Foque na sua prioridade: aprender a eleger uma atividade e estar por inteiro nela é crucial para não divagar o pensamento nas outras mil coisas da sua lista de atividades.
• Aprenda a dizer não: assumir atividades por receio do que vão pensar de você cria, ao menos, mais duas preocupações.
• Determine um horário específico do seu dia para responder mensagens. Configure o celular para não receber notificações e alarmes.
• Presenteie-se com um tempo do seu dia sem internet: aplicativos de bate papo ou de compras, e-mails infinitos parecem relaxantes, mas na verdade distraem e roubam seu tempo, causando ainda mais ansiedade.
• Alimente-se bem: pular o horário da refeição dá a sensação de ganhar tempo, mas ali na frente sua saúde vai cobrar esse tempo em dobro. Foque no autocuidado, em todos os sentidos.
• Insira atividades que verdadeiramente relaxem: ler um livro, meditar, caminhar, qualquer coisa que faça você parar e respirar.

Se o desconforto com a ansiedade estiver gerando problemas para seguir sua rotina, o melhor a fazer é procurar um psicanalista que possa ajudar você a organizar-se mentalmente e identificar padrões de comportamento que o levam a este estado de ansiedade. Nós da i-PSI estamos prontos para acompanhar você nessa jornada.

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