Apatia social, mais um sintoma da pandemia?

Publicado dia 30 de novembro de 2021

Jéssica Kuhn

Parece que depois da pandemia já não vamos mais com a cara de ninguém. Você já reparou nisso? É como se estivéssemos decepcionados com a sociedade como um todo.

O sociólogo, Juan Antonio Roche Cárcel, que publicou vários estudos sobre as consequências sociais do coronavírus, em entrevista ao jornal espanhol “El País”, explicou que durante esse tempo todo da pandemia vivemos uma tensão entre aspectos de maior egoísmo individual e aspectos de maior sentido comunitário.

Não há como negar que o mundo sofreu com uma polarização política que afetou a esfera privada e intensificou todo tipo de emoções. Esse ambiente de polarização afetou a forma como nos comunicamos e nos entendemos. Especialmente nas redes sociais, onde a falta de linguagem não verbal (expressões faciais, gestos e entonações de voz) muitas vezes acaba por favorecer mal-entendidos.

Bem mais estressados, ansiosos, temerosos e tristes, usamos

as redes sociais como uma janela externa para a vida social. O problema foi que elas nos serviram mais como válvula de escape do que como ferramenta social.

E claro, nem todos atravessavam exatamente a mesma situação, nem tinham as mesmas circunstâncias familiares ou financeiras, ou sabiam gerir suas emoções da mesma forma…

Assim, nos momentos em que socializávamos, os assuntos eram aqueles que mais nos levavam a discutir. Resultado: acabamos nos fechando com nossas opiniões, e perdemos o contato e a confiança em algumas pessoas. E… adeus empatia!

O ser humano se acostuma a tudo?

Pois é, ninguém esperava um confinamento tão longo e restrito. No início até pudemos nos animar com a sensação de aproveitar melhor o tempo que nos era dado, mas conforme a pandemia continuava, foi batendo o desespero e o cansaço. E assim fomos nos acostumando a ficar em casa de pijama, sem vontade de fazer nada além de comer e assistir Netflix.

A situação de confinamento minou o moral de muitas pessoas. Algumas até se acostumaram com o pouco contato social e agora afirmam que têm preguiça de voltar a se relacionar.

Será que virei antissocial pra sempre?

Mas o ser humano é um ser social por excelência. Precisamos nos relacionar para o bem de nossa saúde mental, que já está bastante abalada por conta dessa pandemia.

Agora com a existência das vacinas para proteger nossa saúde física, esse é um bom momento para pensarmos também em nossa saúde mental. Tomando todos os cuidados possíveis, seria bom obrigar-se a reencontrar os amigos, voltar às atividades que antes animavam e estabelecer uma rotina regular. Tudo isso pode ajudar.

Outra ótima ideia é você iniciar ou retomar sua análise. Esse é um momento realmente especial para você finalmente reservar um tempo só para você. Ao se compreender melhor, você irá parar de julgar e culpar a si mesma e/ou aos outros, para ir ao encontro do que verdadeiramente lhe faz feliz.

Cuidar das nossas emoções é cuidar da nossa saúde mental. Não há motivos para esperar mais.

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