Infeliz no casamento? Pode ser autoestima!
Publicado dia 19 de fevereiro de 2021
Maristela Napolitano
Se você sente que a vida anda sem-graça, se você se olha no espelho e não gosta do que vê, ou ainda, se sente inseguro/a ou incapaz, e se um desânimo imenso toma conta de você, então você precisa cuidar da sua autoestima.
Ao contrário do que se ouve atualmente, não é possível manter a autoestima elevada o tempo todo. A autoestima se eleva quando recebemos um elogio, uma notícia boa ou uma surpresa agradável, mantendo-se elevada por um tempo e tendendo a equilibrar-se novamente. Por outro lado, diante de uma situação desagradável, pode acontecer da autoestima baixar e ficar assim também por um tempo, mas uma mente saudável tende a colocá-la num ponto de equilíbrio outra vez. Enfim, como tudo na vida, o equilíbrio é o ponto que deve ser buscado.
Sentir culpa, mágoa, frustração, ciúme, ressentimento, acomodação ou tristeza são fatores indicativos de que a autoestima está variando para um estado de menos valia. Quem não passa por situações assim, não é mesmo? Entretanto, permanecer num estado de autoestima baixa, de forma constante, traz sofrimento.
O semblante triste e olhos sem vida, o andar cabisbaixo e até curvado são reflexos do que acontece internamente: a pessoa passa a duvidar da própria capacidade e desprezar-se a si mesma, sente-se sem valor. São características evidentes para quem olha de fora, mas podem passar despercebidas pela própria pessoa. Essa avaliação emocional, que vem de dentro, leva a pessoa a concluir que não é digna de ser amada, e que não vale a pena fazer mais nada para si mesma. E a vida para!
O impacto da baixa autoestima nos relacionamentos
A baixa autoestima afetará toda sua relação com a vida, mas vamos nos deter aqui na questão do relacionamento afetivo.
Essa falta de amor próprio que caracteriza a autoestima baixa instala um estado natural de insegurança, indicação de quem deixou de acreditar em si mesmo e, por isso, a pessoa passa a ter expectativas de ser protegida e cuidada pelo outro.
Na busca de receber segurança, apoio e proteção a qualquer custo, acaba permitindo que a outra pessoa assuma o comando da sua vida, e condiciona a própria felicidade à presença dessa pessoa. Torna-se incapaz de distinguir entre a sensação interna de insegurança e a ilusão da presença externa que traz segurança: os dois aspectos se fundem e passam a ser um só. Estabelece-se uma relação de dependência emocional e afetiva, que, consequentemente, levará a sua própria anulação.
Ao acreditar que não é digna de ser amada, a pessoa se sujeita a relacionamentos pautados em críticas depreciativas, constrangimentos, ameaças, abusos psicológicos ou até físicos, mas sem se dar conta disso, afinal, considera que “tem o que merece”, e desta forma, pode sustentar esses relacionamentos tóxicos por anos.
Como não consegue identificar que é infeliz, pode criar e sustentar a realidade psíquica de estar vivendo um bom relacionamento, e essa situação provavelmente se estenderá até que o outro lado rompa. A consequência será um forte sentimento de injustiça, que trará sofrimento e lamentação. Esse papel de vítima poderá desencadear rancor e agressividade descontrolada.
O que causa a baixa autoestima
Muitas vezes, na infância, acontecem situações em que a criança, através de sua percepção, registra em sua memória o fato de que não é amada ou valorizada, e não se sente importante. Isso pode – ou não – corresponder à realidade. O fato é que o registro de que “não sou bom/boa o suficiente” se instala na vida daquela criança, e ela, quando adulta, vai estar condicionada a esse registro. Entretanto, há situações nas quais a criança, de fato, viveu a realidade de não ser amada, cresceu sem saber o que é um elogio, sem ouvir de suas figuras paternas “eu amo você”, sendo, ao contrário, tratadas com descaso e indiferença e recebendo críticas depreciativas ou sendo inferiorizadas. Pessoas que vivenciaram estas experiências costumam se entregar ao primeiro ‘par’ que as elogiem, e sem perceber, estarão mais sujeitas a viverem infelizes em seus relacionamentos afetivos.
Além dos resquícios desses registros da infância, outro motivo provável é a necessidade que a pessoa tem de corresponder ao que os outros esperam dela, e também ao que ela espera de si mesma. Muitas pessoas passam a vida deixando de ser quem são para agradar ao outro, ou para corresponder a uma idealização que tem de si mesma.
Pensamentos negativos ou metas inatingíveis, estresse ou situações difíceis na vida, como uma doença grave ou luto, também podem ter efeitos negativos na autoestima.
Se você se identifica com essas situações, respire fundo e reflita sobre a sua autoestima, analisando o seu relacionamento, e respondendo a si mesmo estas questões:
- Você ouve elogios que te elevam, ou tudo o que você faz está ruim?
- Você tem seus esforços e qualidades reconhecidos ou convive com críticas constrangedoras?
- Você é tratado/a com respeito diante de outras pessoas ou menosprezado/a?
- Você é aceito/a como você é, com limitações e defeitos como qualquer outro ser humano?
- Você depende emocionalmente do seu par para realizar coisas na sua vida?
- Você depende emocionalmente do seu par para se sentir seguro/a?
- Você se sente inteiro/a, metade, ou se sente “um nada” no seu relacionamento?
- Você se sente infeliz no seu relacionamento?
Equilibrar a autoestima é um processo
Autoestima é a opinião que você tem de si mesmo, logo, conquistar uma autoestima saudável só depende de você começar a desenvolver um olhar acolhedor para suas próprias emoções e sentimentos. Comece hoje mesmo o processo para melhorar sua autoestima, praticando este exercício:
- Você deve estar acostumado a ouvir – dos outros e de si mesmo – “você é burro” ou “ninguém se importa”. Observe quais falas deste tipo, existem no seu dia a dia
- Escreva essas frases numa folha de caderno. Comece a investigar quando esses pensamentos começaram a habitar a sua mente. Lembre-se que tudo começa na infância
- Em outra folha, comece a escrever frases contrárias a esses pensamentos negativos. Por exemplo, “aprendi a usar o celular ou a internet” ou “recebo mensagem de um amigo todo dia”
- Escreva mais coisas boas sobre você, como “as crianças gostam de mim” ou “os amigos confiam em mim” ou “cozinho bem”. Você é bom em muitas coisas
- Agora escreva as coisas boas que outras pessoas dizem a seu respeito, como “você tem paciência” ou “seu café é uma delícia”
- Tente lembrar de pelo menos cinco coisas positivas a seu respeito, mas continue escrevendo, diariamente
- Deixe a lista à vista, pra você se lembrar sempre das coisas boas a seu respeito.
Dicas para manter e aumentar a autoestima
Agora que você já começou, confira o que você pode fazer para mergulhar ainda mais nesse processo e consolidar suas conquistas:
- Descubra do que você gosta: você tem seus próprios gostos e desejos!
- Reconheça suas qualidades: elas fazem de você uma pessoa especial, valorize-se!
- Tenha sonhos pessoais, só seus: sonhos são o combustível da vida!
- Pare de buscar segurança ou reconhecimento em outras pessoas. Você é um ser inteiro e não pela metade. Todos os recursos de que você precisa estão dentro de você!
- Não seja auto exigente. Olhe-se com acolhimento e amor. Abrace-se!
- Aceite-se como é! Todos temos defeitos e limitações. Estando bem consigo mesmo, você não vai depender de elogios e nem se contentar com migalhas
- Reconheça seus esforços e se aplauda
- Comece a dizer “não”. Dizer “sim” quando queria dizer “não”, apenas por causa do que vão pensar, fará você se sentir sobrecarregado, ressentido, irritado ou deprimido
- Permita-se expressar tristeza ou decepção, mesmo que isso incomode os outros
- Mantenha seu corpo ativo de alguma forma. Movimento é vida
- Cultive as amizades
- Proteja-se das pessoas que lhe fazem mal. Nem toda companhia vale a pena
- Aprenda a gostar da própria companhia. Estar só, não é necessariamente, solidão
Em síntese, goste mais de si mesmo. Isso não é egoísmo, é autoestima. Afinal, não tem como gostar de alguém sem gostar primeiro de si mesmo.
Como você pode observar, o autoconhecimento é uma das chaves para elevar sua autoestima. Se você tiver dificuldade em olhar para suas próprias emoções, não hesite em buscar ajuda profissional. Nós da i-PSI estamos prontos para lhe acompanhar nessa jornada de ressignificar sua história de vida, pra você se amar de verdade e ter uma vida que valha a pena ser vivida.
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