Jéssica Kuhn comenta “O carteiro e o poeta”
Publicado dia 28 de maio de 2020
i-PSIne 🎬:
“O carteiro e o poeta”
Nacionalidade: Itália
Ano: 1994
Direção: Michael Radford
Gênero: Comédia dramática
Duração: 1:40
Plataforma: YouTube
Por questões politicas, Pablo Neruda, o grande poeta chileno, fica exilado em uma pequena ilha no sul da Itália. O volume de correspondência que chega diariamente para ele é tão grande, que Mario, até então desempregado, é contratado como carteiro. Nasce daí uma grande e especial amizade entre eles.
O título e os personagens nos remetem ao simbólico: carteiro e poeta, ambos profissionais que transportam palavras, matéria-prima da Psicanálise. Instala-se entre ambos a famosa “transferência”, na linguagem psicanalítica: Neruda quer um filho e Mario procura um pai. E é através da falta de ambos que se funda essa preciosa amizade.
Ganhador do Oscar de melhor trilha sonora (Luis Bacalov) e inspirado no romance do chileno Antonio Skarmeta, “O Carteiro e o Poeta” é um filme italiano com grande sensibilidade e comovente poesia sobre a amizade – e sobre a própria poesia.
O filme, além deste tema da ligação entre o simples carteiro e o poeta erudito e do amor (entre Mario e a personagem Berenice), aborda também a política, ao mostrar a exploração dos pescadores locais e ao falar do livro “Canto Geral”, de Neruda. Obra escrita enquanto ele vivia na clandestinidade e de fundamental importância para a história da América Latina.
Interpretações geniais de Phillippe Noiret (Cinema Paradiso) como Neruda, e do grande ator italiano, Massimo Troisi, como o carteiro Mario.
Sobre os atores, duas curiosidades: o francês Noiret foi dublado o tempo todo por não saber falar italiano ou espanhol, como já acontecera em Cinema Paradiso. E Massimo Troisi, portador de cardiopatia grave, à espera de um transplante, desmaiou algumas vezes durante as filmagens, a ponto de Radford lhe propor parar o filme. Mas Massimo não concordou. Lutou até o final, vindo infelizmente a falecer no último dia da filmagem, mais exatamenrte 12 horas após a sua conclusão. Seu Oscar de melhor ator foi a maior homenagem póstuma da história de Hollywood.
Lisa
