Jéssica Kuhn indica “A mulher na janela”

Publicado dia 3 de junho de 2021

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“A mulher na janela”
Nacionalidade: Estados Unidos
Ano: 2021
Direção: Joe Wright
Gênero: Drama, mistério, suspense
Duração: 1:40
Plataforma: Netflix

Primeiro romance de estreia em mais de doze anos a alcançar o topo da lista do New York Times de livros mais vendidos, em 2018; um megassucesso que elevou o autor A. J. Finn para o mesmo patamar de Gillian Flynn (“Garota exemplar” ) e Paula Hawkins (“A garota no trem”).

A adaptação para o cinema de uma obra como “A mulher na janela” de fato não poderia deixar de contar com um elenco de peso. A presença de atores como Amy Adams, Gary Oldman, Julianne Moore, Jennifer Jason Leigh, Wyatt Russell, Brian Tyree Henry e Anthony Mackie contribui decisivamente para dar ainda mais densidade e consistência ao resultado final.

“A mulher na janela” alude a “Janela indiscreta”, clássico do suspense de Alfred Hitchcock. O diretor Joe Wright homenageia o cineasta com alguns takes e sequências de terror psicológico. Aliás, o filme parece um mosaico de muitas referências de cults de terror e mistério, que além de prestarem tributo ao gênero também funcionam para expressar a  confusão mental vivida pela protagonista.

Amy Adams vive Anna Fox, uma psicóloga que sofre de agorafobia e passa os dias em seu apartamento em Nova York, bebendo vinho, assistindo filmes antigos, conversando com estranhos na Internet e observando seus vizinhos, até testemunhar uma cena chocante que muda sua vida.

A  protagonista é apresentada desde o início como uma pessoa perturbada, não muito confiável. A psicóloga infantil agorafóbica e voyeur, toma antidepressivos e mistura os medicamentos com álcool, algo que além de perigoso pode causar alucinações.

Agorafobia é um tipo de transtorno de ansiedade no qual a pessoa tem um medo desproporcional de estar em lugares públicos (transporte público, uma fila, parque, cinema, rua, etc). A pessoa que sofre do distúrbio fica ansiosa ao sentir que não tem muito controle sobre a situação ao estar nesses ambientes. Até mesmo a simples ideia de se encontrar em um desses lugares pode fazer com que o indivíduo apresente sintomas semelhantes ao da síndrome do pânico, como tontura, aumento da frequência cardíaca e falta de ar.

O problema pode decorrer de uma leitura/interpretação equivocada de algum acontecimento que lhe causou muito estresse, ou então de uma experiência traumática. A pessoa passa a enxergar eventos e lugares (nem sempre) semelhantes como ameaçadores, e automaticamente seu corpo reage com os sintomas”.

É um transtorno psicológico que pode ser bastante limitante e prejudicial à qualidade de vida, pois em vários casos acaba levando a pessoa a isolar-se.

E o que dizer do voyeurismo da protagonista? O voyeurismo pode ser caracterizado como o ato de observar indivíduos, sem estes suspeitarem de que estão sendo observados. Há todo um prazer nisso, inclusive sexual. É uma forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo.

O voyeur não vê problema algum em invadir a privacidade alheia, já que considera que não fere ninguém, nem há contato sexual. Entretanto, pode ser considerado criminoso, caso o objeto de sua observação se sinta invadido em sua privacidade e dê queixa à polícia.

“A mulher na janela”, mesmo que seja para simplesmente passar o tempo, é um filme que vale o entretenimento, em especial para aqueles que seguem respeitando estritamente as medidas de prevenção à pandemia e tentam permanecer em casa, como a protagonista se vê forçada a fazer.