Jéssica Kuhn indica “Eu me importo”

Publicado dia 27 de maio de 2021

i-PSIne 🎬:

“Eu me importo”
Nacionalidade: Estados Unidos, Reino Unido
Ano: 2020
Direção: J Blakeson
Gênero: Comédia, suspense
Duração: 1:58
Plataforma: Netflix

Em “Eu Me Importo”, Marla Grayson (Rosamund Pike), uma renomada guardiã legal, costuma tutelar pessoas idosas e ricas. Ela convence juízes a lhe darem a guarda dos idosos, sob o pretexto de que essas pessoas não conseguem mais cuidar de si mesmas. Uma vez que ganha a causa, mantém seus clientes isolados em asilos, enquanto vende todas as propriedades deles, ficando com o lucro para levar uma vida confortável ao lado da namorada. Mas a sua última vítima esconde perigosos segredos.

O filme da Netflix pode parecer uma realidade distópica para o espectador que desconhece algumas facetas das políticas sociais dos Estados Unidos. Mas ele faz uma denúncia ao satirizar o absurdo do Estado americano a serviço das empresas privadas.

Um dos acontecimentos reais que inspirou o filme foi o caso do cuidador April Parks, que foi condenado em 2019 por mais de centenas de acusações de perjúrio, dezenas de acusações de furto e exploração de idosos e uma acusação de extorsão. Ele, dentre vários outros “profissionais” envolvidos nesse esquema criminoso, ajudaram a construir a personagem de Marla Grayson (Rosamund Pike).

A atriz, Rosamund Pike, fez muito sucesso em Garota Exemplar (2014), com a enigmática e perversa Amy. Aqui ela interpreta personagem semelhante, Marla Grayson, que se encaixa bem tanto no arquétipo da femme fatale (mulher fatal) como no da psicopata, uma personagem fria, implacável, calculista, manipuladora e disposta a fazer de tudo para vencer.

Curiosamente, o cérebro de um psicopata é diferente do de outras pessoas. O córtex pré-frontal (a parte frontal do cérebro), que é responsável pela tomada de decisão, comportamento social e expressão da personalidade, e a amígdala (pequena área no meio), que é responsável pelas emoções, apresentam pouca ou nenhuma atividade.

Ou seja, enquanto as pessoas “normais” diante de uma ameaça de violência, têm sua frequência cardíaca aumentada e suor nas mãos, um psicopata reage de forma oposta, sentindo-se cada vez mais tranquilo. Isso ajuda psicopatas a se envolverem em comportamentos de risco, e às vezes criminosos, já que eles não temem consequências.

“Eu Me Importo” está longe de ser um filme corajoso ou um thriller perfeito. Mas mesmo não indo muito a fundo num sistema que, alegando proteger pessoas vulneráveis, retira delas bens, autonomia e a própria liberdade física, é uma obra que expõe e tenta ridicularizar a situação. Além de ilustrar como opera uma mente psicopata.

Tags:

#JéssicaKuhn #i-PSIne #Psicanálise #EuMeImporto #JBlakeson