Jéssica Kuhn indica “Samba”

Publicado dia 4 de novembro de 2021

i-PSIne 🎬:

“Samba”
Nacionalidade: França
Ano: 2014
Direção: Olivier Nakache, Éric Toledano
Gênero: Comédia, drama, romance
Duração: 01:58
Plataforma: Netflix, Telecine

Samba (Omar Sy) é um imigrante senegalês que vive há dez anos na França, em empregos ruins recebendo baixos salários. Alice (Charlotte Gainsbourg), mulher branca, francesa de classe média alta, é uma executiva experiente e estressada, sofrendo de “burnout”. Duas vidas tão diferentes irão se encontrar. Ele tentando conseguir os documentos necessários para arrumar um emprego melhor, ela tentando colocar a sua saúde e sua vida pessoal nos trilhos.

Os diretores e roteiristas, Éric Toledano e Olivier Nakache, que assinaram o filme “Intocáveis”, sucesso que arrecadou mais de 400 milhões de dólares mundo afora, voltam a se reunir com o ator Omar Sy para abordar o drama social vivido pelo imigrante no novo país: o medo diário de ser pego, a exploração pelos patrões por não estar com os documentos em dia, a necessidade de abandonar sua própria cultura para ser aceito…

O filme toca em assuntos muito atuais. A situação dos imigrantes e demais marginalizados no mundo, o adoecimento causado pela exploração e excesso de trabalho, e a negação da diversidade, onde o diferente nem sempre é bem recebido.

De quebra, vemos também o estigma da doença mental. Quando, por exemplo, o tio de Samba sugere em tom de crítica que Alice é uma deprimida.

Alice sofre de síndrome de Burnout, síndrome  caracterizada por exaustão física, emocional e/ou mental, que surge geralmente devido ao acúmulo de estresse no trabalho ou nos estudos. A i-PSI já falou sobre ela (veja mais em: https://i-psi.org/682-2/)

Retrato da sociedade atual, o filme mostra pessoas solitárias que estão à margem e que não se integram à sociedade.

Como dica psicanalítica aos dois personagens principais, o analista poderia lhes questionar, com o intuito de fazê-los refletir e encontrar suas próprias respostas: quantas vezes, para alcançarmos nossos objetivos, é preciso abrir mão de uma perspectiva engessada, criando, talvez, uma nova forma de se perceber, se identificar? E como sair da alienação afetiva? Que tal se permitir sentir uma coisa de cada vez?

O Brasil se faz presente, na trilha sonora (“Palco”, de Gilberto Gil, e “Take it easy my brother Charlie”, de Jorge Benjor) e na dança de Alice e do “brasileiro Wilson”, o personagem argelino do ator Tahar Rahim (César de melhor ator por “O Profeta”, 2009), que se passa por brasileiro, por achar que tudo dá certo para esse povo.

É um filme para o grande público, com humor e cenas comoventes nas mãos de um elenco afinado.

Diversão garantida.

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