Jéssica Kuhn indica “Um divã na Tunísia”

Publicado dia 2 de dezembro de 2021

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“Um divã na Tunísia”
Nacionalidade: França, Tunísia
Ano: 2019
Direção: Manele Labidi
Gênero: Comédia
Duração: 01:23
Plataforma: Now, Vivo Play, Apple TV

Dirigido pela cineasta francesa Manele Labidi, em seu primeiro longa-metragem, “Um Divã na Tunísia” nos premia com um roteiro divertido ao mesmo tempo que trata das feridas emocionais da condição humana. A trilha sonora assinada pelo dinamarquês Flemming Nordkrog vem adicionar mais brilho e ditar o ritmo desse saboroso recorte cultural.

Ao voltar para a Tunísia após morar durante muitos anos na França, a psicanalista Selma (Golshifteh Farahani) se depara com um país moderno, tomado de contrastes e conflitos culturais latentes.

Assuntos importantes para nossa reflexão são trazidos de forma humorística. E temos a oportunidade de conhecer a cultura de um país com tradições árabes mas que cada vez mais tende ao ocidente, onde a protagonista é vista pelos seus conterrâneos como uma intelectual parisiense.

O filme também faz uma crítica social através de caricatos personagens do serviço público tunisiano.

A prática da psicanálise nas sociedades árabes seria um tema de grande interesse, mas o roteiro não explora isso.

De fato, Labidi escapa pela tangente assim que a seriedade se apresenta – inclusive ao retratar temas sensíveis que mereceriam um cuidado muito maior.

E afinal, por que a mulher bem-sucedida e sem conexões afetivas com a Tunísia teria retornado à sua cidade?

Se a narrativa apresenta dificuldade em responder a estas questões fundamentais, o filme não deixa de valer a pena.

Ainda que seja pela vertente de puro divertimento, quer seja pela estratégia de popularizar a psicanálise ao grande público, ao desconstruir preconceitos. Selma, aliás, demonstra senso ético e conduta exemplares.

Outro aspecto do filme que deve ser saudado é a ausência de idealização, onde nenhum modo de vida seria superior ao outro, e o privilégio reside no encontro das culturas (tunisianos “bagunceiros” e parisienses “psicorrigidos”).

No final, em um desabafo, quase uma consulta com Freud, conhecemos as angústias da psicanalista, que como todo ser humano, guarda muitas coisas dentro de si. Um belo desfecho humanístico.

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