Jéssica Kuhn indica “Years and years”
Publicado dia 4 de março de 2021
i-PSIne 🎬:
“Years and years”
Nacionalidade: Reino Unido, Estados Unidos
Ano: 2019
Direção: Russel T. Davies
Gênero: Drama, ficção científica
Duração: 1:00 (série com seis episódios)
Plataforma: Now, HBO
Embora não seja tão recente assim (estreou em maio na BBC e pode ser assistida pelos assinantes do HBO Go, desde junho), a minissérie escrita por Russel T. Davies continua sendo alvo de debates intensos nas redes sociais, vídeos e podcasts, devido ao seu conteúdo impactante.

O seriado britânico acertou (no melhor estilo amar ou odiar) ao retratar um futuro próximo distópico através do dia-a-dia de uma disfuncional família britânica em Manchester: os Lyons. Ao contrário de “Black mirror”, “Years and years”, mostra uma realidade bem possível de acontecer e exatamente por isso suscita importantes reflexões.
O enredo especula os principais acontecimentos políticos, sociais e econômicos dos próximos 15 anos. E os efeitos que essas mudanças vão acarretando nessa família como um todo e em cada um de seus membros como indivíduos. É como se “Black mirror” encontrasse “This is us”. Fake news, crise imigratória, catástrofe climática e colapso do sistema bancário são alguns dos temas abordados de forma muito realista.
E se parece difícil encontrar tantas minorias políticas em uma mesma família, a ideia vale por nos permitir pensar e analisar como cada uma delas seria afetada pelo desenrolar da história, o que sem dúvida, pode render questionamentos interessantes.
De fato, a única personagem que parece se sustentar bem ao longo dos seis episódios é a “inominável” Vivienne Rook (Emma Thompson), representante da “nova política”, que de início não é levada à sério mas vai ganhando espaço na mídia pelas posições radicais e discurso perverso, garantindo sua influência até entre os bons cidadãos da família Lyons. É a personificação exemplar da sociedade do espetáculo e do populismo de extrema-direita. Perturbador!
Não há como deixar de lembrar de Marcuse e de Freud: afinal, tanto um quanto outro, em suas teorias sobre a civilização, ressaltaram o mal-estar que acompanhou o seu desenvolvimento. E mais particularmente para a psicanálise, a obra “O mal-estar na civilização”, de Freud, que a seu modo também se dedica a examinar as feridas modernas do pacto civilizatório, a dicotomia entre os impulsos pulsionais e a civilização, a tecnologia e a ciência à serviço da guerra e de outros projetos de desumanização, acentuando o desamparo.
Uma minissérie para grandes reflexões!
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Lisa