Nosso primeiro amor
Publicado dia 12 de maio de 2020
Por Lisa Lousinha
Mãe! É ela que nos deleita, que nos conforta…
A relação entre mãe e bebê é de suma importância para a Psicanálise, pois a psiquê humana se constituirá através desta interação, e do olhar desta mãe, que permanecerá para sempre dentro da criança.
Mãe não é necessariamente quem gera a criança, e sim quem exerce a importante função materna. E essa função não se restringe apenas aos cuidados básicos de alimentação, higiene e segurança. Tão ou mais importante do que isso é compreendermos a função materna como aquela pessoa que facilita e possibilita o desenvolvimento emocional e psíquico da criança, o que resultará no seu amadurecimento como ser humano.
“Sua Majestade, o bebê”
“Sua Majestade, o bebê” é como Freud se referia à criança recém nascida em seu trabalho de 1914, intitulado ” Introdução ao Narcisismo”. A frase de Freud escancara o caráter narcísico e onipotente do bebê.
Este título se baseia na análise feita por Freud desta fase da vida humana onde, durante as primeiras semanas de vida, a criança percebe a mãe como se fosse uma extensão dela própria. Ela ainda não faz a distinção entre ela e o outro. Assim, o bebê se comunica com o seu “prestador de cuidados primários”, projetando essencialmente sua experiência psíquica interna em uma “mãe receptora”, vivenciando, desta forma, a experiência da onipotência primária. Em outras palavras, o bebê tem a sensação de que a mãe é uma extensão de si mesmo, e que é ela quem suprirá, sempre, suas necessidades.
“Ser mãe é uma tarefa difícil!”
Como o bebê nasce essencialmente desamparado, necessitando dos cuidados desse “outro” (mãe/cuidador) para sobreviver, essa relação dual mãe-filho é importantíssima no desenvolvimento da criança, trazendo consequências positivas ou negativas, dependendo da qualidade da experiência, para o futuro emocional desta criança.
O bebê tem uma insuficiência quando nasce e a mãe é quem o ajudará primeiramente a acreditar na sua onipotência, o que é essencial nessa hora. Não nos estruturaremos adequadamente se não precisarmos do “outro”. É por meio desse contato que o bebê constituirá uma mente ativa.
Entretanto, a vida não poderá ser sempre uma completude narcísica. Assim, num segundo momento, a mãe deverá mostrar que ele existe independente dela, que seus desejos não serão atendidos imediatamente e que existe um tempo de espera e um limite, e isso produzirá uma frustração natural e necessária que levará o bebê a entender, aos poucos, que ela não é sua extensão.
“Mãe suficientemente boa”
O modelo da mãe perfeita, aquela mãe idealizada, é apaziguado quando nos lembramos de Donald Winnicot, pediatra e psicanalista inglês que apresentou o conceito da “mãe suficientemente boa” para a Psicanálise, sendo aquela mãe que não é perfeita, porque esta não existe mesmo.
Muitas mães se preocupam, e até mesmo se culpam, por precisarem realizar outras tarefas nesta fase, bem como por possuírem outros interesses e desejos além de cuidar especialmente de seu bebê. Por esta razão, ser mãe não é fácil. É preciso saber lidar com a ambiguidade e com uma confusão de sentimentos que emergem nesta relação com o filho.
O esperado é que, com o passar do tempo, a mãe vá se afastando aos poucos do bebê. A mãe tem o trabalho de iludir e desiludir o bebê. Quando o bebê chora, ela imediatamente está ali à disposição (iludindo o bebê, que se sente onipotente). Outras vezes ela poderá demorar um pouquinho mais para atendê-lo, e aí ela frustra a criança que, aos poucos, irá perceber que existe um outro que nem sempre está à sua inteira disposição.
Assim, a mãe cria no bebê um espaço de perda, de desilusão, gerando oportunidades desse bebê lidar com a ausência, estruturar seu próprio ego independentemente dela, e crescer de forma saudável, com um ego bem constituído.
Neste momento, por permitir que seu filho se adapte à situação, a mãe o ajudará a tornar-se um ser resiliente, o que permitirá que ele lide com seus problemas no futuro.
Se o bebê tem uma boa relação com a mãe, poderá “introjetá-la” e “contar com ela” quando estiver enfrentando as adversidades da vida.
É…
As mães são fundamentais no desenvolvimento de seus filhos…
Os pais que me desculpem…. mas hoje essas reflexões são para elas…