O efeito Corona na nossa saúde mental
Publicado dia 24 de março de 2020
Por: Sandra Vaz
Quem diria que passaríamos por dias como estes… dias em que o mundo está tenso e em uma crise inesperada, num tempo em que a globalização está presente como nunca na história humana. Dias em que o medo se instala em nossas mentes, cada um com o seu! E muitos medos são parecidos, ameaçando nossas estruturas igualmente já conhecidas, imaginando possibilidades diversas, mas nem sempre reais, como perder entes queridos, o emprego, dinheiro; de faltar alimentos, papel higiênico, leitos, remédios. Há, ainda, a dificuldade de se manter em isolamento. Enfim, medos que nem conhecíamos e que, agora, nos convidam a refletir.
Sentir medo, acredite, é saudável e necessário para ativarmos o nosso estado de alerta e nos preservar em situações de risco, ”Faz parte do instinto de conservação da espécie, nosso cérebro analisa e identifica ameaças o tempo todo”, afirma Araceli Albino, coordenadora do Núcleo Brasileiro de Pesquisas Psicanalíticas (NPP). Entretanto, se for exagerado pode levar à angústia e à ansiedade, e estas podem nos paralisar. De acordo com a ISMA-BR, Associação Internacional, sem fins lucrativos, voltado a pesquisa e tratamento de estresse, 23% das pessoas deixam de realizar atividades do dia-a-dia devido a um nível excessivo do medo.
Muitas vezes o medo que sentimos pode aflorar de questões muito mais profundas do que apenas a relação racional com o que estamos vivendo no atual cenário. Diante de uma pandemia, é comum que as raízes de sentimentos mais profundos sejam ativadas, porque tempos atrás nossos ancestrais passaram por períodos duros de guerras, doenças e surtos que dizimaram populações, e quando nos vemos frente a algo relacionado com o que já foi vivido em outros tempos, o inconsciente coletivo se manifesta. É importante perceber de onde nossos medos vêm e, trazendo-os para a consciência, acolhê-los, com amorosidade, mas também com racionalidade, fazendo o que está ao nosso alcance e tranquilizando nossos corações.
A crise faz o seu serviço de nos levar adiante, de sermos criativos e inventarmos outras crenças e hábitos que compõem o nosso modo de vida. Nesta hora nos conectamos mais com a nossa essência. E desta vez, somos convidados a nos retirarmos do estresse, de muito trabalho, de agendas lotadas e de pouco tempo para as pessoas e viver essa chamada “quarentena”.
De alguma forma, globalmente, o coronavírus nos une e nos incita a honrar a nossa humanidade: praticar o amor e a empatia nunca foi, de fato, tão necessário. Temos vivido, até então, um isolamento de nós mesmos – e dos outros – e começamos a perceber que verdades fundamentais nas nossas vidas foram esquecidas, como ficar mais perto das pessoas queridas, buscar entender nossa própria natureza e nossas sombras, e a certeza de que não temos o controle do que acontece.
Que este retiro nos ajude a cuidar de nós mesmos e dos outros, a conectar-nos de forma mais consciente e sábia com a vida, com nossos propósitos, com o sentido da nossa própria existência através da descoberta de novos prazeres como contemplar o silêncio interno e a conexão entre corpo, mente e espírito, vibrando positivamente, pois vai passar!