O que toda pessoa bipolar gostaria que você soubesse
Publicado dia 13 de abril de 2021
Jéssica Kuhn
O transtorno afetivo bipolar (doença maníaco-depressiva) caracteriza-se por alterações marcantes do humor e da energia, o que interfere na vida social, cotidiana e de trabalho.
Dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicavam que o problema atingia cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, o número de pessoas diagnosticadas com esse quadro pode chegar a 6 milhões.
Trata-se de uma doença crônica e de difícil diagnóstico, mas que é possível controlar. O tratamento inclui o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como evitar o consumo de substâncias psicoativas (cafeína, anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo) e redução dos níveis de estresse.
A causa exata do transtorno afetivo bipolar é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas cerebrais e nos níveis de neurotransmissores de possível base genética ou hereditária.
Mas o que será que todo portador do transtorno bipolar gostaria que você soubesse?
1) Van Gogh o representa
O dia 30 de março foi a data escolhida para nos lembrarmos do transtorno bipolar. Pois é o dia em que se celebra o aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado, postumamente, como provável portador do transtorno.
2) Ser diagnosticado não significa deixar de ser quem se é
O diagnóstico, ao mesmo tempo em que traz algum desconforto, traz também alívio, pois agora há um nome para aquilo contra o qual a pessoa luta há anos. E sendo assim, há como vencer a batalha. As armas? Medicação e terapia.
3) Ter transtorno bipolar é mais complexo do que ter mudanças de humor
Embora as oscilações extremas de humor sejam um dos sintomas diferenciais para o diagnóstico do transtorno bipolar, esse não é o único e nem mesmo o mais debilitante deles.
4) Ter transtorno bipolar não significa que a pessoa nunca experimente períodos de estabilidade
Entre episódios de hipomania/mania e depressão, pode haver períodos de dias, semanas ou meses em que o portador do transtorno não apresenta sintomas significativos, o que é ótimo.
5) As mudanças de humor podem ser abruptas e totalmente inesperadas
Às vezes elas ocorrem lenta e gradualmente, outras vezes elas surgem aparentemente do nada e desabam como um tijolo sobre a cabeça.
6) Os comportamentos e ações estranhas e/ou impulsivas são sentidas e entendidas como absolutamente normais quando estão ocorrendo
O questionamento só virá depois, quando passar a crise.
7) A medicação não cura nem o torna assintomático
Ela reduz a gravidade dos sintomas. É como um band-aid ou atadura, o ferimento ainda está lá só que se está segurando o problema.
8) Falar sobre a doença nem sempre é querer chamar a atenção
Pode ser um mecanismo eficaz de enfrentamento do problema e uma tentativa de explicar o que está acontecendo para aqueles que não estão entendendo os sintomas que levam a determinados comportamentos.
9) Muitas vezes a pessoa sente um peso esmagador por estar em sua própria pele
Há um esgotamento, mental, emocional e físico que acompanha a doença.
10) O bipolar dá muitas desculpas para se justificar
O estigma da doença mental ainda nos persegue e fica bem mais fácil justificar uma falta no trabalho ou em qualquer outro compromisso, inventando uma enxaqueca, ou uma dor de dente.
11) Embora nem sempre demonstrem isso, os entes queridos assumem total importância em suas vidas
A dificuldade nos relacionamentos é uma constante, é um grande desafio amar um bipolar.
O que a psicanálise gostaria que você soubesse
A psicanálise pode ajudar como psicoterapia eficaz para o transtorno da bipolaridade.
Cabe ao psicanalista ajudar o paciente a entender e aceitar a sua patologia, contribuir para a sua adesão aos tratamentos medicamentoso e psicoterápico, ajudá-lo a lidar com as adversidades da vida, fortalecendo-o a fim de não permitir que qualquer evento externo sirva de gatilho para as crises, ajudá-lo a elaborar as emoções, inclusive as do passado.
A psicanálise também tem um papel importante junto aos membros da família, no que diz respeito à orientação sobre a doença e como lidar com o portador, bem como para tratar das próprias dores e dificuldades geradas pelo diagnóstico na família.
Conte conosco! A i-PSI está aqui para ajudá-lo.
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