Outubro rosa – como lidar com um diagnóstico inesperado?
Publicado dia 23 de outubro de 2019
Outubro é um mês especial para a saúde das mulheres: neste mês, somos todos incitados a refletir e a buscar conscientizá-las para a importância do autoexame da mama, bem como estimulá-las a procurar profissionais que possam diagnosticar precocemente o câncer mamário, o que aumenta enormemente as chances de êxito no tratamento.
Mas embora o prognóstico para os casos detectados em sua etapa inicial seja amplamente favorável, não é possível ignorar o susto, o medo e o desconforto da angústia que acompanham um diagnóstico de câncer de mama. Como lidar com o impacto psicológico no momento em que se recebe a notícia?
Olhando ao redor… e para a frente!
Lembrar que no Brasil este tipo de câncer é, sim, o mais comum entre as mulheres, com um índice de 29% de casos novos a cada ano, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer – INCA, pode ser um bom começo. Problemas que acometem um maior número de pessoas tendem a ser mais pesquisados e conhecidos, o que na hora de tratamento se traduz em recursos mais avançados e equipes mais preparadas. Além disso, a natural sensação de isolamento, que muitas vezes se manifesta através de questionamentos como “por que foi acontecer logo comigo?” ou “mas o que foi que eu fiz de errado?”, fica um pouco atenuada quando se olha ao redor e se constata os altos índices de incidência da doença.
Assim, por mais que a notícia possa trazer preocupação sobre outros aspectos que transcendem o problema em si (vida profissional, familiar, social, afetiva e também na própria autoestima, sobretudo no que diz respeito à sexualidade, considerando-se todo o simbolismo assumido pelo seio feminino ao longo da história e na sociedade atual), a recomendação é olhar para a frente com serenidade, evitando a armadilha de imaginar cenários pessimistas e buscando alterar o mínimo possível a rotina e os projetos de vida, que nunca devem desaparecer do horizonte.
O tempo e a família como aliados
Ainda que a primeira reação até possa ser de negação do diagnóstico, não aceitação da doença, revolta e recusa de um tratamento, é importante não perder de vista um fato: quanto antes o problema começar a ser enfrentado, mais rápido ele será superado. Também por isso é importante que a família, cônjuges e amigos compreendam e tenham paciência com esse eventual período de “desabafo”, que pode se expressar como uma depressão, um isolamento, uma interiorização, como se a pessoa estivesse em busca de si mesma, de uma identidade perdida. Se de fato uma reação como esta estiver acontecendo, o apoio das pessoas próximas será fundamental para demonstrar a viabilidade do tratamento.
Neste momento, um acompanhamento psicológico ou psicanalítico pode ser indicado conforme o caso, oferecendo à paciente um espaço para expressar seus temores e angústias, trabalhar a forma de enfrentar o problema e restabelecer seu equilíbrio interior (vale ressaltar que diversos estudos na área da Psicossomática apontam sintomas e doenças como decorrentes de desequilíbrios emocionais vivenciados, e que buscar de volta este equilíbrio ajuda a trabalhar nosso organismo para receber o tratamento adequado a cada enfermidade).
Tal acompanhamento deve, neste caso, trabalhar conjuntamente e de forma cooperativa com a conduta terapêutica oncológica, podendo inclusive, num segundo momento, ser estendido aos familiares próximos, para que estes também se sintam acolhidos e bem orientados para saber lidar com esse momento difícil na vida deles e de seu ente querido.
Finalmente, o recebimento de um diagnóstico de câncer de mama é desafiador para qualquer mulher (e também para os homens que compõem as estatísticas minoritárias de pessoas afetadas pelo problema) em qualquer fase da vida. Mas desafios existem para ser enfrentados e superados. Buscar sem demora um tratamento multidisciplinar, contando com profissionais que a ajudem a superar este momento, bem como o reconfortante apoio familiar é o caminho mais rápido para transformar um momento de inquietação no surgimento de uma mulher muito mais forte, segura de si, renovada e preparada para enfrentar as mais diversas situações de vida.