Princesas, príncipes e dragões
Publicado dia 8 de junho de 2021
Maria Zélia Brito de Souza
Foi-se o tempo em que a princesa era indefesa e ficava em seu castelo, passiva, até que um príncipe a encontrasse no alto da torre, enfrentasse os dragões para salvá-la e então, fazê-la feliz. Ela, passiva em seu estado de vulnerabilidade, sempre infeliz e ansiosa até que seu príncipe chegasse e a levasse dali, para sempre, para viverem uma vida de eterna felicidade.
Apesar de já fazer algum tempo que esta fábula vem sendo contada de forma diferente, quando refletimos sobre a história da humanidade como um todo, faz muito pouco tempo. Desde meados do século passado, as mulheres vêm ocupando um lugar mais ativo na sociedade, pelo menos na maioria das culturas ocidentais, e aos poucos vem transformando este contexto.
O que fez esta história mudar?
O que determinou esta mudança, praticamente, foi a inserção da mulher no mercado de trabalho. Mesmo que nem sempre ocupe a maioria dos cargos de comando, ou pelo menos 50% deles, a mulher vem se destacando pouco a pouco e já consegue contribuir com a renda familiar, em alguns casos já apresentam ganhos superiores a de seus companheiros, e em outros casos até, são a única renda da família.
O fato de elas poderem pagar as suas contas permite que possam escolher quem elas querem ao seu lado para dividirem uma vida.
Mesmo quando a mulher opta por não trabalhar fora de casa, a possibilidade de fazê-lo a qualquer momento já confere a ela o mesmo poder de uma mulher que esteja atuando profissionalmente, pois não trabalhar fora passou, de fato, a ser uma opção.
Por esta razão, felizmente, a princesa moderna enfrenta, ela própria, os seus dragões. Sai de seu palácio em busca do que ela precisa para ser feliz, vai trabalhar, adquire o seu sustento e não fica esperando que o príncipe a salve para, finalmente, atingir a tal felicidade.
Sai do estado passivo de dentro do castelo para a rua, e ela mesma sabe atrair o príncipe que ela escolhe. Não procura alguém para ser feliz, mas é feliz, e quer alguém para compartilhar suas alegrias. Constrói o castelo junto com seu príncipe, ou fica cada um em seu castelo, porque isto agora também é uma opção.
Prepara-se para o mercado de trabalho, trabalha duro, mas também administra a casa, filhos, relacionamento, sem esquecer de separar um tempo pra cuidar da beleza, da saúde e seu bem estar.
E os novos príncipes?
Eles agora têm que se adaptar para encarar esta nova geração de princesas que já está por aí há algum tempo.
Ficaram desnecessários, obsoletos?
Não… nunca! Mas eles têm que atualizar o modelito “macho alfa” que não cabe mais para as princesas modernas. Agora os dragões que eles enfrentam são os internos: precisam desconstruir padrões aprendidos pela sociedade antiga, destruindo reminiscências que perduram inconscientes em seus imaginários idealizados.
Quais são os novos dragões?
Para conquistar esta nova princesa é preciso mais que um cavalo branco e um castelo confortável, aliás isto nem é mais tão necessário, pois os dois, homem e mulher, podem construir sua morada juntos.
Agora é preciso respeitá-la, compartilhar seu tempo, seus sentimentos, ajudá-la nas tarefas, apoiá-la em seu trabalho, dividir a responsabilidade com os filhos, e dar-lhe espaço. É um desafio maior, talvez mais difícil, pois os modelos antigos ruíram, e a fase agora é de criação de novos padrões que façam estas novas princesas quererem ser felizes ao lado deles.
Aqueles que estão despertos para esta nova realidade já estão construindo vidas felizes ao lado de suas princesas. A maioria das mulheres desta geração já está pronta. Então, príncipes, se preparem para compartilhar com elas uma vida cheia de aventuras, desafios e crescimento!