Transtorno alimentar não é só “coisa de garotas”!

Publicado dia 20 de julho de 2021

Jéssica Kuhn

No Brasil, transtornos alimentares como a bulimia, anorexia e compulsão alimentar afetam cerca de 4,7% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os jovens, o índice pode chegar a espantosos 10%.

Os transtornos alimentares são um conjunto de doenças psiquiátricas de origem genética, hereditária, psicológica e/ou social, caracterizados por perturbação persistente na alimentação.

Em tempos de rede social, cultura da magreza e modismo de dieta, muitas pessoas ficam mais vulneráveis a desenvolver o problema.

Os transtornos alimentares não afetam somente a população feminina. Nos últimos anos, cada vez mais homens sofrem do problema. E em ambos os sexos, os sintomas aparecem de forma mais precoce do que em décadas anteriores, e costumam dar seus primeiros sinais já na infância.

Como identificar um risco de transtorno alimentar? 

Confira abaixo alguns sinais de que seu filho pode estar apresentando algum transtorno alimentar:

– alterações nos hábitos alimentares

– adoção de dietas muito restritivas

– medo exagerado de engordar

– baixa autoestima

– distorção da imagem corporal (jovens que se veem gordos, mas não são)

– perda rápida ou flutuações drásticas de peso

– preocupação com peso, alimentos, rótulos dos alimentos — e dietas

– interesse excessivo por sites de informação nutricional

– esquivamento de refeições e situações que envolvam alimentos (evita comer em público)

– consumo excessivo de água (para gerar a sensação de saciedade) ou negação de fome

– atividade física excessiva ou muito rígida

– isolamento dos amigos e das atividades usuais

– mudança no estilo de se vestir, como excesso de roupas para cobrir o corpo ou roupas reveladoras para ostentar a perda de peso

– ausência ou redução da menstruação nas adolescentes (por mais de três ciclos consecutivos)

– personalidade muito perfeccionista

– alteração de humor (garotos antes felizes e integrados se tornam tristes e irascíveis)

Como abordar a questão com seu filho?

Se você suspeita que seu filho pode ter uma dificuldade alimentar, tente iniciar uma conversa.

Evite fazer acusações e comece fazendo perguntas abertas como: “eu notei que você não tem comido a sobremesa. Há uma razão para você estar fazendo isso? ”.

Pergunte o que está acontecendo e não tenha medo de falar. Às vezes, os adolescentes pensam: “Ninguém notou nada, então eu estou bem”.

Seja solidário e apoie seu filho. É cada vez mais notável a importância da ajuda da família neste processo, e quanto mais cedo a intervenção, melhor o prognóstico.

Também vale alertar para o básico de “prevenção”, ou seja, não enfatizar o peso e a aparência dele ou mesmo a sua, não ficar obcecado com seu próprio peso na frente dos filhos.

Como é o tratamento?

A psicanálise irá ajudar na compreensão e na interpretação dos transtornos que afetam o comportamento alimentar e a vida nutricional da pessoa. Entretanto, o tratamento é multidisciplinar, sendo imprescindível que haja, além do acompanhamento psicoterápico, o acompanhamento médico psiquiátrico medicamentoso e o nutricional, a cargo do nutricionista.

É importante lembrar que durante o tratamento de qualquer distúrbio alimentar é essencial ter o apoio da família para que o paciente entenda sua condição e colabore para superar o problema. Se possível, todos em casa devem se esforçar para ter hábitos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física

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