Vida virtual, vício real

Publicado dia 4 de maio de 2021

Jéssica Kuhn

A compulsão ou dependência de Internet, conhecida também como cybervício, é um assunto sério que preocupa cada vez mais os profissionais de saúde mental.

Assim como o alcoolismo ou o vício em drogas, a necessidade de estar conectado nas mídias sociais durante a maior parte do tempo pode causar graves danos emocionais e requer tratamento.

Estima-se que 10% dos usuários da internet já tenham se tornado dependentes, segundo o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Programa de Dependentes em Internet (www.dependenciadeinternet.com.br) do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Desses, 3% são jovens de até 16 anos.

Nos Estados Unidos, de 189 milhões de usuários, 6% a 10% foram diagnosticados como portadores deste vício. Esta dependência crescente tem gerado os chamados ‘cyberviúvos’, ou seja, aqueles que perderam seus cônjuges ou namorados vítimas das consequências orgânicas ou emocionais desta dependência; e o ‘cyberadultério’, a traição virtual que tem sido tema cada vez mais frequente em nossos consultórios.

Este é um vício que se reflete inclusive na saúde física: tremedeira, taquicardia, danos posturais e distúrbios alimentares podem ser algumas das consequências associadas.

Como saber se você ou o seu filho estão viciados?

A preocupação vem da superexposição, ou seja, da utilização desenfreada dessas ferramentas. É preciso portanto, avaliar o impacto causado na rotina.

Alguns sinais deste vício podem incluir:

*Uso prolongado de computadores e smartphones. Alguns chegam a passar mais de 10 horas online em um único dia;
*Falta de interesse em atividades fora da vida online;
*Deixar de realizar tarefas para passar mais tempo nas mídias;
*Ficar irritado quando está há mais de uma hora sem internet;
*Evitar sair de casa se for para ir a lugares sem computador;
*Impressão de que determinada experiência não está completa até que seja postada na rede;
*Sensação de angústia sempre que a pessoa precisa ficar desconectada;
*Falar em demasia sobre games da web, redes sociais e “pessoas virtuais”;
*Mentir a respeito do tempo que costuma passar conectado;
*Estar com a autoestima bem baixa;
*Ter se tornado caseiro e solitário;
*Negar-se a fazer as coisas que antes lhe davam muito prazer;
*Se sentir triste, ansioso ou deprimido na maior parte do tempo;
*Uso excessivo ao ponto de “se esquecer” de comer ou dormir
*Dificuldades em pegar no sono
*Gastar muito em compras online

 

É comum os dependentes apresentarem depressão e ansiedade, além de problemas no ambiente familiar. Por isso é importante procurar ajuda profissional.

 

E você? Você desconfia estar sofrendo do problema? Conhece alguém com essa dificuldade? Fale conosco e deixe seus comentários aqui. A i-PSI quer ouvir você. A sua opinião é muito importante para nós e os seus comentários podem auxiliar outra pessoa.

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