Volta às aulas: cuidado com o burnout infantil

Publicado dia 6 de fevereiro de 2020
Um alerta aos pais nesse início de ano: as férias acabaram e seu filho já está matriculado em quantos cursos e atividades… além do colégio?
 
Cuidado! Pensando em preparar da melhor maneira possível o seu filho ou filha para uma vida adulta bem sucedida, você pode acabar exagerando na dose e preenchendo sua agenda com atividades em excesso.
 
Muitas crianças vêm seguindo uma rotina repetitiva, rígida e sem o menor sentido para elas! Vivem sob pressão, como se fossem pequenos adultos tentando dar conta de todos os seus afazeres diários, com exigências, expectativas e metas a cumprir. Mas afinal, desde quando ser criança virou profissão?
 
Como um adulto estressado, num efeito cumulativo de sobrecarga, essas crianças sentem um cansaço generalizado que leva a uma exaustão física e mental, incapacitando-as de dar continuidade à sua rotina diária. É assim que surge, instala-se, o burnout infantil, cada vez mais frequente nos consultórios. Sim, agenda cheia e cobrança por notas e resultados podem gerar burnout em crianças.
 
A sociedade da pressão e do stress
 
A transformação do mercado de trabalho e a crise econômica provocam um sentimento de insegurança generalizado e de medo do futuro. Esse comportamento ansioso dos pais é projetado e se reflete nas crianças.
 
Ocorre que pressão em excesso impossibilita que a criança se desenvolva naturalmente evoluindo por etapas. E para piorar, muitos pais não aceitam a idéia de que sua idealização de filha ou filho – aquilo que imaginaram que ela ou ele deveria ser e saber – possa em algum momento fracassar. Níveis elevados de estresse e frustração por um longo período de tempo e a busca pelo perfeccionismo, estão na origem do burnout, por vezes extremamente precoce.
 
Correndo atrás de uma utopia
 
Que tal um dia com 14 horas de atividade escolar, com poucas pausas e muita exigência por resultados? Um dia, uma semana, alguns meses! O reultado é um esgotamento físico e mental, que se expressa por extremo cansaço, insônia e desmotivação.
 
“Mas assim eu não vou atingir o meu ideal de perfeição” (que é, na verdade, o “ideal de perfeição dos meus pais”)?Na adolescência, o burnout se dá a conhecer através de uma grande insegurança (perda de confiança) e tendência à destruição. Adolescentes e pré adolescentes que fazem coisas demais, passam noites em claro para terminar suas tarefas e durante o dia não se aguentam de sono, costumam ter problemas de concentração, além de depressão e fobia: tudo em busca de um ideal – utópico – de perfeição.
 
Sinal de alerta acionado
 
Conforme a pressão, o resultado pode ser bem diferente do que os pais esperavam. Depressão, automutilação e fobias podem se manifestar já em pré-adolescentes, e muitas vezes fazem parte dos sintomas de um burnout. Por isso, é importante estar atento!
 
Conheça, então, algumas situações que podem ser indicativas de burnout infantil:
 
• o seu filho chegava em casa empolgado, contava detalhes de seu dia e fazia as tarefas. Agora é preciso insistir para que ele faça suas tarefas e fale sobre o seu dia
 
• Ele parece estar sempre triste, cansado e desmotivado, mesmo para ir a festas, encontrar os amigos e fazer coisas de que gosta(va) muito
 
• Em época de prova, mostra-se inseguro, tenso, chora ao estudar e tem dificuldades para se concentrar e também para dormir
 
• Mostra-se irritado, cansado, constantemente incomodado e reclamando de tudo e todos
 
• Antes bom aluno, ele agora apresenta dificuldades para se concentrar e seu rendimento escolar tem caído
 
Desativando a ameaça
 
Se você identificou esses sinais no comportamento da criança, você deve considerar a ideia de buscar ajuda profissional.
 
É que além de sintomas de burnout na infância, eles também podem indicar o início de um quadro de depressão infantil.
 
E lembre-se: de todo modo, é importante que a criança tenha pausas para descanso e lazer em sua rotina, tempo livre, sono de qualidade e alimentação saudável.
 
Em alguns casos, faz-se necessário acompanhamento médico com psiquiatra, para possível tratamento medicamentoso com antidepressivos e ansiolíticos. A Psicanálise também pode ajudar, e muito.
 
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